sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Não dói mais...


Esse era o meu medo, de verdade.
Eu  fui intenso, fui presente,  fiz tudo o que estava ao meu alcance para que houvesse felicidade.
A dor foi o meu termômetro. Ela sempre me lembrava que eu amava, e do que eu queria, e que eu estava empenhado.
Sempre tive medo de não doer mais.
Não doer significaria pura e simplesmente ter aceitado, ter entendido, ter desprendido. 
Não doer diria que não importava mais, ou havia acabado.
Sempre tive esse medo.
E é estranho porque anestesia a gente.
O dia chegou.
Não dói mais.
Será que eu estou livre?
Será que é bom estar livre?
Será que eu quero estar livre?
O que leio disso tudo é que o coração verdadeiramente decide, se inclina, e pensa por si só.
Não importa, o resto pode não acompanhar, mas o coração faz exatamente o que quer.
Os meus desejos e expectativas agora são nada, perto do não sentir, do não doer, da mudança de rumo imposta pelo coração.
Novamente é hora de se aprontar para recomeçar como diz a canção.
É tempo de se readaptar, de realocar, de seguir em frente.
Deveria ser simples, mas não é.
O fato de não doer não significa que poderei sorrir em breve.
Ser como sou, sentir como sinto nunca foi bonança, ao contrário, sempre foi tempestade.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Arte...


Desacostumando.
Exatamente isso, pegado o costume e acabando com ele.
Não sou contra a rotina, sou contra a acostumar-se, contra a  achar normal e consequentemente conceder.
Não é normal ser egoísta, não é normal violentar corpos e ideias, não é normal.
Eu não posso me acostumar com gente que não se esforça, que não luta, que não se dedica.
Eu não posso me acostumar com quem só pega atalhos.
Eu não posso me acostumar com mentiras, e invejas, e vaidades, e excessos do que não é bom.
Eu preciso me desacostumar e querer fazer o diferente, querer ser o diferente.
Eu preciso de muito mais do que essas convenções conformistas.
Eu preciso do que não é igual.
Não sou rebelde, sou sedento.
Quero mais amor, mais paixão, mais loucura.
Quero mais intensidade e mais frio na barriga.
Quero chuva no fim da tarde.
Quero flores no meio da semana.
Quero amigos loucos, quero amigos poucos.
Quero mais do que se viu.
Quero mais do que há.
Quero mais do que se está acostumado.
O que me faz saber que conseguirei?
O simples fato de ser um desacostumado.


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Demonstrando


Demonstrar é melhor que impor, e eu prefiro.
Eu sei que pode ser o caminho mais demorado e dolorido, mas mesmo assim essa é a minha maneira de lidar.
Penso que é demonstrando como se ama, como se preocupa, como se faz, como se cuida, que o outro consegue entender.
Claro que eu poderia dizer, faça isso, ou faça aquilo.
De certa maneira seria uma força externa mudando algo dentro, só que esse tipo de mudança é efêmera demais.
Eu acredito em exemplos que transformam no sentido inverso, de dentro para fora. Essas são as mudanças que realmente valem à pena.
É tão importante saber que somos livres para agir de acordo com o que queremos e acreditamos, mas ao mesmo tempo é muito importante saber também que, há caminhos que se seguirmos, podem fazer as coisas darem certo.
Gosto de fazer as coisas darem certo.
Gosto de fazer o que é certo.
Gosto do impacto do que é suave, tranquilo e doce.
Me recordo muito mais do silêncio do que do barulho.
Me apego também a cores neutras.
Entendo que tudo tem dois lados, e me relaciono bem com eles.
Não, eu nunca tive medo do escuro.
Relacionar-se com o outro e com a vida não é tão simples assim, mas pode ser surpreendente. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Saudade


Saudade.
Dizem que a saudade é um lugar que só chega quem amou.
Eu concordo completamente.
Saudade faz parte da vida.
Lembrar-se do que passou e sentir um aperto no peito.
Aperto que dói quando se dá conta de que quem amamos está tão longe. Ou se foi para sempre.
Saudade dos momentos que ajudaram na construção do que somos hoje.
Eu sinto saudades, muita.
Quando eu era criança, me lembro bem, achava as manhãs de sábado os dias mais lindos! E dizia que o dia estava maravilhoso e diferente. Era só porque eu nunca via as outras manhãs, pois estava numa sala de aula. Sinto saudade de me maravilhar com as manhãs de sábado.
Era tudo tão saboroso, o brigadeiro, a pizza feita em casa, o quindim da padaria, o picolé do carrinho, tudo tinha gosto de verdade. Sinto saudade do gosto.
Eram os domingos de coca cola, os aniversários nas garagens, os especiais na TV no fim de ano. Era o amigo secreto na escola, os amigos de todas as horas, as peças de teatro.
Era andar descalço, queimar o pé no asfalto quente e brincar até escurecer. Entrar em casa, tomar banho, jantar e só esperar para que no outro dia a alegria se repetisse.
Problemas grandes? Muitos. Tênis que descolava, mal entendido entre amigos, nota vermelha na prova.
Os anos passavam devagar e nós sentíamos cada mês, cada semana, e seus acontecimentos. Saudade de sentir o tempo passando sem pressa.
Íamos a parques, a hortos, estendíamos uma toalha e fazíamos piquenique, há quanto tempo não ouço piquenique, os macacos roubavam nossa comida.
Éramos lindos, todos, havia os mais populares e os menos, o mais gordo e o mais magro, mas nos aceitávamos da maneira mais honesta possível, porque ainda éramos capazes de nos apegar no que realmente éramos por dentro e não que aparentávamos.
Dava para dormir uma noite toda. Sem insônia, sem preocupações antes de pegar no sono, sem medo. Saudade de não sentir medo.
Descobrimos nessa época quem seria nosso pelo resto da vida. Quem iríamos amar para sempre. Por quem iríamos comprar briga, e estar por perto, e torcer. Olhávamos nos olhos sem medo e dizíamos coisas como “eu te amo”, “você é o meu melhor amigo”, “não saberia viver sem você”.
Queríamos ser ricos, mas gostávamos da simplicidade da nossa casa, e das nossas coisas.
Queríamos o mundo, porque dentro de nós havia uma única e grande meta, a de ser feliz.
Eu me lembro de tudo o que aconteceu comigo, e sou tão grato por sentir saudade. Porque eu sei que eu não me perdi no caminho. Eu ainda tenho uma única e grande meta, eu ainda quero o mundo. Mas sinto saudade dos cheiros, dos gostos, dos rostos, das declarações, e de toda intensidade.
Saudade dos amigos que não vejo mais.
Saudade, simples e pura saudade.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pedindo


Me mostre o caminho.
Me inspire.
Me prove que ainda posso confiar em você.
Me ouça.
Cuide de você, cuide das suas coisas, mas cuide de nós.
Não me deixe ir.
Não me deixe temer.
Indo, quem garante que eu possa voltar?
Temendo, como conseguirei respirar?
Me surpreenda com simples olhares.
Não minta para mim.
Me indique o caminho do riso.
Respire com tranquilidade e me ensine como fazê-lo.
Me ajude a levantar a cabeça.
Me ensine a me acalmar.
Você consegue me convencer de que tudo vai dar certo?
Você consegue me fazer acreditar que o tempo resolve tudo?
Você esperaria esse tempo comigo?
Você ainda está aí?

domingo, 5 de agosto de 2012

Foi o amor


Como você pode afirmar que não era amor?
O que você pensa que segurou tudo por tanto tempo?
Qual é o sentimento capaz de fazer que o respeito e o cuidado se concretize?
Como você me explica o fato de tantas ramificações e grandes acontecimentos partindo daí?
Agora é tão fácil lembrar-se do que foi bom.
Lembrar do que não se gosta é tão mais simples, porque não precisa de esforço, precisa de concessão.
Hoje em dia as pessoas idealizam o amor de acordo com a sua pouca capacidade.
Hoje em dia amor tem que ser como o da novela. Se não for assim não é amor.
O que me entristece nisso tudo é saber que estamos cada vez mais em meio a gente infeliz. Gente que idealiza, não acontece e se frustra.
Gente sentada esperando coisas grandes, e não dando valor as coisas pequenas.
Gente dando mais importância ao sonho do que a luta.
Não há sonho realizado sem mangas arregaçadas.
Felicidade vem em fragmentos. Não chega um momento da vida onde se passa a ser feliz integralmente.
 Se é feliz, se é triste, é assim.
Não é tão difícil reconhecer o amor acontecendo.
Não há fórmulas para isso.
Mas se eu pudesse dar uma dica seria, abra os olhos!
Abra os olhos para o que acontece e pode ser melhor se a sua atitude for melhor.
Se algo quebrar, conserte, não jogue fora.
Mude por você, e deixe as suas mudanças atingir o outro.
Seja tolerante, paciente, otimista.
Tente ser forte. Lute mais.
Há amor.
Basta demorar o olhar nas coisas simples.
O amor é simples.
O que segurou por tanto tempo foi o amor.
Só poderia ter sido o amor.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Acontecendo...


Esperei.
Esperei tanto tempo que nem achei que fosse possível.
Na maioria das vezes é assim mesmo que funciona.
O universo nos dá aquela canseira...
Tudo leva a crer que não acontecerá.
Eu não julgo quem desiste.
Eu mesmo já desisti de tantas coisas.
Eu acho que o importante é decidir-se e realizar. Se tudo vai dar certo ou não, não é tão significativo assim, o que vale mesmo é pagar pra ver, arriscar, tentar.
Quem pode dizer se era isso o certo?
Quem pode afirmar que não era?
Quem detém a verdade?
Há verdade?
O que determina o certo e o errado é o lado onde estamos, nada além disso.
Eu me agarro as minhas verdades, todas elas.
As minhas verdades  podem não ser as tuas, mas o que importa?
Eu me apego as minhas mentiras. Elas são úteis. “A verdade sobre a verdade é que ela dói, por isso mentimos”.
A receita é manter-se firme, independente de qual seja a letra em que o plano esteja.
Se preciso for, recomeço mais uma vez, ótimo, plano “Z”.
Eu sei apenas que esperei por tanto tempo, mudei tantas vezes de plano que sinceramente, nem acredito que está acontecendo agora.
Foi tão importante manter-me firme com as minhas verdades e não verdades.
Isso me fez continuar a ser eu mesmo, e chegar do outro lado.
É tão bom chegar do outro lado.
A vista daqui realmente é maravilhosa.