Para
o inferno com esse seu egoísmo.
Não diga isso, porque
pode ser tudo, menos natural.
Enfrente de frente.
Não se curve como uma
criança amedrontada.
Medo de que?
Das consequências das
suas escolhas?
Calma aí, tem algo
errado nisso.
Tudo pelo qual
optamos nos leva a algum lugar.
Sempre ao escolher
uma possibilidade, abandonamos a outra, lei da vida, simples.
Chorumelas demais.
Autopiedade demais.
Prefiro o som do
silêncio.
Prefiro força.
Prefiro grandes
acontecimentos.
Prefiro nadar contra
as marés.
Prefiro reatestar o
que já foi atestado, e se me queimar, se doer, que fiquem marcas.
Sempre me atraí por
marcas, por cicatrizes, não de uma maneira mórbida, não é isso, mas sempre
pensei que quem carrega marcas impressas no corpo tem história para contar, e
histórias que se tornaram marca na pele, essas sim merecem ser ouvidas.
Quanto a mim vivo de
sonhos e de cacos.
De recomeços e de
reconstruções.
Ninguém pode me
culpar por gostar de ruínas.
Não posso ser
condenado por não saber nada, e decidir a cada manhã a maneira como quero viver
o hoje.
Não se trata de como
o mundo é, se trata de como eu sou com o mundo.
Recolhendo cacos,
colando-os, assim eu vou.
Mas nunca vou chegar
nem perto do inferno com o meu egoísmo.
Porque egoísmo não
sei.
Me apegar a desertos,
não sei.
Hoje prefiro assim,
me prefiro assim, vivendo o que me importa, e o que me importa é continuar com
a mania de ver janelas onde os demais veem apenas muros.