domingo, 29 de julho de 2012

Desmistificando


Não sou pessimista.
Longe de mim ser considerado alguém que não vê o lado bom das coisas.
Eu escrevo sobre o que sinto.
E o que sinto na maioria das vezes dói.
É diferente de como espero.
Não é como supostamente deveria ser.
E eu não sei para onde ir, nem ao menos por onde começar.
Não me falta coragem, falta força.
É como se o que tenho que enfrentar todos os dias fosse muito mais pesado do que posso suportar.
É olhar e não ver.
É procurar e não encontrar.
É inconstante.
Como quando você precisa ler um livro e falta luz.
Como num sonho onde você se afoga e não tem como sair do lago, porque há um vidro sobre ele que te impede.
Não respiro fundo há tempos.
Sinto medo, sinto dor.
Não durmo uma noite completa há semanas.
Há um mar, viscoso, e eu não tenho impulso para saltar e me livrar dele.
Não sou um pessimista.
Apenas lido com situações demais.
Não escrevo para melhorar o mundo, escrevo para suportar o meu mundo.
E o meu mundo é muito diferente do que o de qualquer outra pessoa, acredite.
Se vai passar? Sim, vai passar.
Se eu vou estar lá para ver?
Não prometo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Tempo


A gente cresce ouvindo que há um tempo para cada coisa.
E quando grandes, percebemos que na verdade há muitas coisas para pouco tempo.
Estamos ocupados o dia todo, e às noites, e aos fins de semana.
Trabalho, metas, sonhos, luta.
E quando tudo não sai como gostaríamos, é no tal do tempo que resolvemos colocar a culpa.
Não te liguei. Faltou tempo.
Não pude ir. Tempo.
Nunca mais nos vimos. Tempo.
Se pudesse ter mais algumas horas no meu dia. Tempo.
O que custamos a perceber, é que a vida está acontecendo agora, neste tempo. E viver não é projetar a felicidade, as emoções, as sensações no depois. Viver é reconhecer o agora.
Tempo a gente sempre vai precisar de mais, como o riso, como o amor.
É assim, a grande descoberta da vida é usar o que temos a nosso favor.
Quanto tempo você tem? Quanto tempo você precisa para ser feliz?
Reestruture sua agenda e lembre que nessa relação é ela quem pertence a você, e não o contrário.
Mude seus hábitos.
Ame a todo tempo. Ame durante as suas tarefas e nos intervalos delas.
Chega de dizer: Não tive tempo de te ligar! Faltou tempo para te ver!
Faça o amor acontecer entre você e quem você quer bem. O tempo de amar é o agora. O amanhã é incerto demais, talvez amanhã essas pessoas nem estejam mais por aqui.
Então realize, aconteça!
Seja o melhor no seu trabalho, dedique-se ao máximo nos seus projetos, mas olhe em volta, aprecie, absorva.
Brinque, ria, tenha conversas menos sérias às vezes.
Cante com o volume do rádio bem alto. Role no chão. Fique descalço.
Brinque com os seus filhos, se não tiver filhos, brinque com qualquer criança, a pureza delas é capaz de transformar os nossos maiores medos em esperança.
Não tenha medo de se sujar, nem de não parecer tão forte. A vida pode ser tão melhor quando se simplifica os atos.
Faça o bem a alguém. Engaje-se. Dedique uma parte da sua vida a melhorar o mundo de outras pessoas.
Tenha esperança, em qualquer circunstância.
Faça valer a pena cada tombo, cada tentativa. Celebre suas vitórias.
Lembre-se: o tempo é hoje, e ele é seu aliado.
O começo de uma nova vida pode acontecer exatamente agora.
Basta querer.


Obrigado


Cicatriza, não se preocupe.
Não há nada que eu possa te pedir.
Se existe coisas que você poderia ter feito? Sim muitas.
Mas eu, pedi-las? Nunca.
Não é orgulho, não é.
É consciência, sabe?
É auto preservação.
É tentar manter-se firme.
Leia-me, tentar.
Porque conseguir, é bem diferente.
Sim, eu queria ser cuidado. Queria preocupação.
Mas a tendência que eu percebo - eu percebo, não é um dado, nem ciência, é a minha percepção -  é que sacrificar-se pelo outro é algo em extinção.
Se eu me preocupo, ou pseudo-preocupo, pego o meu celular, que está provavelmente no bolso, e não precisa nem de um braço totalmente esticado para alcançar, e telefono.
Um telefonema, de uma ligação que custa alguns centavos, parece valer o zelo, o cuidado que supostamente deveríamos ter com as nossas relações.
O correto de verdade, seria desanimar, já que desentendo, desanimo.
Mas não. Vou continuar acreditando que pode existir amor.
E continuar a defender que amor só é amor se vier acompanhado de ação.
E essa ação, na maioria das vezes é sacrifício.
E sacrifício não é qualquer um que pode fazer.
Tem que ser grande, tem que ser nobre, tem que ser diferente.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Por mim, tudo bem


Não se engane, ninguém fala a verdade em cem por cento do tempo.
Há vezes em que é necessário dizer: vai dar tudo certo! Mesmo que por dentro seja difícil de acreditar.
Eu não quero ter relações baseadas em verdades extremas.
Quero a leveza das mentiras doces, daquelas: seu macarrão ficou uma delícia!
Quero sentir-me amparado e rodeado por pessoas reais, que erram.
Não. Chega de idealizar relacionamentos – e quando digo relacionamentos me refiro a todos os tipos deles – quero humanidade.
É a nossa humanidade que nos dignifica, nos abrilhanta e nos torna interessantes.
É o fato de não acertarmos sempre que faz a vida ser tão possível.
Eu não sou perfeito, eu quebro vinagres.
Eu não sou tão seguro, e travo falando inglês.
Eu não sei disfarçar quando estou com saudade.
Eu gosto do ser humano, gosto de gente.
Até porque ser gente é ter começo e fim, o meio a gente coloca o que quiser nele.
Eu prefiro colocar risos e realidade, sonhos e lágrimas, alegrias e medos, tristezas e coragem.
Eu prefiro o dramalhão à normalidade.
Como disse o poeta:
“Mentiras sinceras me interessam”
Sim, definitivamente elas me interessam.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Intenso


Se eu pudesse ser um pouco mais forte.
Sim ,mais forte do que tenho sido, mais focado, mais equilibrado.
Se eu pudesse unir essas qualidades sem dúvida eu teria uma vida mais leve.
Se fosse possível, eu, sentir com mais mansidão, não sofreria o que tenho sofrido.
Eu poderia quem sabe dormir noites completas.
Eu conseguiria me despedir sem chorar.
Eu respiraria sem que doesse.
Se eu pudesse ser um pouco mais forte eu pensaria menos no que gostaria que fosse.
Eu olharia menos para os erros e mais para os acertos.
Se eu pudesse ser mais forte eu disfarçaria os olhos vermelhos.
Se eu pudesse, mas não posso.
Porque se eu fosse mais equilibrado e mais tranquilo eu simplesmente não seria eu mesmo.
O que sou é o resultado das minhas fraquezas e superações.
O que sou são os altos de baixos de quem sente com intensidade.
Sou a soma dos meus medos e dos meus tremores.
Sou grande, mas nem tanto.
Estou em pé, mas não sei por quanto tempo.
Amo, mas não sei até quando.
Luto, mas não vai ser pra sempre.
Pago pra ver, mas tudo tem um preço.
Tudo tem final.
Um intenso final.
Quem sabe?