Não sou pessimista.
Longe de mim ser considerado
alguém que não vê o lado bom das coisas.
Eu escrevo sobre o que
sinto.
E o que sinto na maioria das
vezes dói.
É diferente de como espero.
Não é como supostamente
deveria ser.
E eu não sei para onde ir,
nem ao menos por onde começar.
Não me falta coragem, falta
força.
É como se o que tenho que
enfrentar todos os dias fosse muito mais pesado do que posso suportar.
É olhar e não ver.
É procurar e não encontrar.
É inconstante.
Como quando você precisa ler
um livro e falta luz.
Como num sonho onde você se
afoga e não tem como sair do lago, porque há um vidro sobre ele que te impede.
Não respiro fundo há tempos.
Sinto medo, sinto dor.
Não durmo uma noite completa
há semanas.
Há um mar, viscoso, e eu não
tenho impulso para saltar e me livrar dele.
Não sou um pessimista.
Apenas lido com situações demais.
Não escrevo para melhorar o
mundo, escrevo para suportar o meu mundo.
E o meu mundo é muito
diferente do que o de qualquer outra pessoa, acredite.
Se vai passar? Sim, vai
passar.
Se eu vou estar lá para ver?
Não prometo.