terça-feira, 22 de novembro de 2016

Sobre desistências

A gente sonha.
A gente luta.
A gente cria uma meta e trabalha por ela.
Acontece que durante o caminho, esbarramos em tanta dificuldade que nos indagamos sobre seguir ou não em frente.
Apegar-se a dura estrada que ainda há pela frente assusta, amedronta, porém olhar para a dura estrada já percorrida deve despertar em nós o sentimento oposto, deve despertar em nós a reflexão de como fomos fortes até aqui.
Esse é o cenário ideal, claro. Mas e no cenário real, como funciona?
Como reagir quando a vontade é de deixar tudo?
Como administrar o sentimento de incapacidade?
São tantos por quês que a gente trava, paralisa.
Mas eu penso, e olha que passo noites inteiras pensando sobre coisas, que precisamos, no nossa caminho, entender a diferença entre as concessões e as desistências.
Para cada escolha que fazemos na vida, acabamos abrindo mão de outro caminho, de outra escolha de outra oportunidade. E isso é bom, é maduro, é inteligente, é concessão.
Em contrapartida, do outro lado da história estão as desistências. E desistir é fadiga, é entrega de pontos, é não querer lidar mais, e querer enterrar algo. Desistir não é  algo bom, porque nunca sabemos , ao desistir, se não estamos cortando justamente o fio que nos mantém de pé.
Não desista do amor.
Não desista de amar.
Não desista das pessoas.
Não desista de tornar o seu mundo um lugar melhor.

Não desista.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Palavra e Ponto

Sinto muito, erramos.
Eu sei que a sua intenção era boa, mas não soubemos aproveitar.
Eram recursos demais, poderes demais.
Desculpe, entendemos tudo errado.
Cada um de nós imagina você de um jeito.
Cada um de nós compreende o que você ensinou de uma maneira.
O que importa mesmo é que do amor, que deveríamos ter aprendido e que supostamente deveria nos unir, bem, quase nada nos une.
A religião nos separa, nos divide, nos faz odiarmos, a gente faz guerras por causa dela, mata pessoas, destrói lugares, famílias, não importa. Em nome da fé matamos mais do que por outras razões. Desculpe.
A gente quer poder também, mais do que precisa. Queremos nos sobrepor sobre o outro. Empatia, não temos, eu sei que você ensinou sobre isso, mas perdão, não aprendemos. Para ter poder incitamos o ódio, e por falar em ódio, este sim é um sentimento que nos une. Sempre odiamos algo, ou alguém, temos essa necessidade, entende? Você falou sobre amor e respeito, e nós ouvimos ódio. Pensou diferente da gente, odiamos. Tem um discurso diferente, odiamos. Nós nos tornamos especialistas em odiar, e em agir motivados por esse ódio.
Hoje por aqui os pais matam os filhos por diferenças ideológicas, e se matam depois.
Desculpe, nós definitivamente não aprendemos que somos todos iguais. As mulheres não são, nem os negros, nem os gays, nem os deficientes. E não o digo apenas em questão a oportunidades, que definitivamente não são as mesmas, me refiro a sentir-se igual, a não ser violentado na rua, a não receber ameaças na internet.
Sinto muito mas não sabemos, de um modo geral educar as nossas crianças. Temos um discurso educacional e de formação com um texto pronto sobre desigualdade. Sim, os ensinamos primeiro sobre o diferente ser ruim, e não o contrário.
Desculpe mas estamos destruindo tudo. O planeta, as águas. A gente se importa muito pouco, ou quase nada, com quem virá em seguida. E por não nos preocuparmos, tanto faz como encontrarão as coisas por aqui.
As lições de fidelidade e lealdade, sinto muito, não aprendemos direito. Na verdade a gente se importa muito pouco com o outro, com o que ele sente e como reage.
Hoje em dia falamos muito sobre liberdade. A de expressão, a sexual, a financeira, a gente só esquece que as barreiras que nos prendem são postas por nós mesmos.
Pouca gente se apaixona, desculpa. Se tem alguém por quem somos definitivamente apaixonados esse alguém somos nós mesmos. Nos amamos. E em nome desse amor passamos por cima dos outros, mentimos, enganamos, e fazemos tudo, tudo o que for preciso.
E não adianta opinar, formular, dissertar. A nossa opinião será esquecida em dois cliques, porque se tem algo veloz hoje em dia é a informação, quase não damos conta de memorizar nada, de demorar em nada, de nos aprofundar em nada. Somos soterrados a todo instante por informações e imagens e mensagens, desculpe por isso.
Continuam a valer os clichês: valorizamos quando perdemos, compreendemos quando não há tempo.
A gente não entende mesmo de amor, e sim, eu sinto muito. A gente prefere dizer eu te amo frente a uma lápide à uma janela. Prefere visitar no hospital à uma xícara de café em casa, na sala. Prefere chorar sobre as fotos antigas à um ombro.
Desculpe, mas se você olhar bem, aqui não tem sido um bom lugar. É lindo, eu sei, mas tem sido difícil demais buscar equilíbrio diante de tanto caos.
Mas nem tudo está perdido, tem gente muito boa, solidaria, que ama você e demonstra, tem gente que não faz distinção das Marias, Joanas, Anas, nem as que nasceram assim, nem das que se tornaram. Tem gente que respeita o diferente, que exercita a tolerância. Tem gente que faz isso tudo valer à pena. E gente que não desiste. E enquanto houver quem não desista estaremos aqui, na esperança de que um dia a gente aprenda.