quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Ele

Cuidar de tudo, era o que mais amava.
Aprendera desde muito cedo que amor falado pouco importa, e dedicou-se a construir a vida alicerçada no amor demonstrado. E demonstrava.
Fazia tudo para que assim soubessem: amor é cuidado!
E como cuidava. Cuidou do pai, da mãe, dos irmãos, cuidou dos amigos, das crianças, dos bichos, dos tijolos e das propriedades. Cuidou do doente de memória boa, e do de memória fraca também.
Dedicou-se. Deu de si a quem precisasse. E quando era noite, dormia tranquilamente por se sentir encontrado, fazedor.
Crescera ouvindo os provérbios, e acreditara firmemente que diante de plantio tão certeiro, colheria fartamente.
Esquecera apenas que não é tão simples assim, e que colheitas, por vezes, são perdidas em meio as intempéries.
E de intempéries sabia a cor e o sabor, porque nunca, se vira cercado de tranquilidade.
Mas cansara.
E cansado deitou-se.
Não era mais certo que o tempo melhoraria.
Desistira da colheita.
E lá, deitado permaneceu.
Não se ouve mais sobre ele.
A quem cuidou, não sabe-se o paradeiro.
E o tempo passou.
Ele.
Ele quem?

Ninguém se lembra.