Minto para mim mesmo sobre
as coisas que não posso ter.
Repito várias vezes: um dia
virá.
Não que eu acredite
realmente nisso, mas de fantasia também se é possível viver.
Crio situações, emoções,
eventos, de acordo com o que gostaria que fosse.
O sono não vem.
Minto para mim mesmo todas
as noites.
Enquanto me engano vejo as
coisas que eram para ser minhas.
Existe um motivo para que
elas não o sejam? Talvez.
Ouça bem, minto para mim e não
para os outros.
Não tenho porque enganar ninguém,
nunca tive medo de me mostrar exatamente como sou:
O fraco mais forte que já
existiu.
O equilíbrio que passeia
pelo desequilíbrio, com essa simplicidade.
Não sou alguém imerso em
conformismo, nunca fui.
Eu só quero mais.
Sempre foi assim, desde
garoto.
Nunca estou satisfeito com o
que abraço, sempre preciso ir além. Em descontento.
Não é ambição desmedida, é
sonho de alcançar o mundo.
Não é ingratidão, é desejo.
Olho para todos os meus azuis
e me pergunto onde estariam os vermelhos que quero.
E é com vermelhos que sonho
todas as noites.
Porque assim o quis.
Mentindo.
Mentindo para mim mesmo
antes de dormir.