segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Desejos...


Eu queria colocar uma faixa em frente a sua casa
Eu queria correr sempre que sentisse esse aperto
Eu sonho em poder estar mais perto mesmo que seja para te ver de longe
Eu corro contra o tempo para que haja mais tempo

Eu vivi o que tinha para ser vivido
Eu fiz o que era pra ser feito
Eu não neguei
Eu não julguei

Na realidade eu nem ponderei
Não medi consequências
Eu fui lá e fiz
Típico de mim mesmo

Não sobraram arrependimentos
Não sobraram medos
Hoje o que há é saudade
E meu desejo de colocar uma faixa na frente da sua casa

Houveram dias em que eu quis fugir
Outros que eu quis chorar
Outros ainda parar de respirar
Hoje eu gostaria apenas de por uma faixa em frente a sua casa

Isso assustaria você
Provavelmente assustaria os seus vizinhos
Mas não há mal nos dizeres
Da faixa que eu colocaria em frente a sua casa

Seriam palavras simples,
Seria em cor discreta
Seria o que só você entenderia, seria amor
Na faixa que gostaria de colocar em frente a sua casa 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Do jeito errado

Com as recentes polêmicas que massivamente vimos em sites, redes sociais, e tantos outros veículos, paramos para pensar: havia um criminoso sexual num programa de TV? Uma enfermeira é tão má a ponto de matar um cachorrinho? É só porque ele é negro? Talvez essas sejam as conclusões óbvias. Mas o que eu penso diante disso tudo é o poder que as redes sociais estão tendo na hora de tornar um assunto divulgado, discutido e apoiado pela massa.
Há cerca de um mês, a enfermeira que maltratou seu cãozinho tornou-se o assunto mais comentado em redes como Facebook e Twitter. Em poucas horas milhões de pessoas, que viram o vídeo da agressão, repudiaram as atitudes da moça. O segundo passo foi xingá-la, ofendê-la, ameaçá-la. Logo depois ela teve documentos divulgados, fotos de seu carro com placa visível, endereço, diploma, tudo exposto na rede, ali para quem tivesse olhos. Como se não fosse o bastante, como nenhuma mágoa dura para sempre, a última fase foi a da anedota, várias piadas, fotos engraçadas envolvendo a situação, ou seja, as pessoas já podiam rir do que a poucos dias atrás lhes causava ódio. Típico não?
E nessa semana, acompanhamos mais um caso que mostrou o poder da opinião na internet. Dois participantes do reality mais famoso do país, beberam as pampas, foram para debaixo do edredom e fizeram sabe-se Deus o que por lá. Seria normal? Sim. Já aconteceu em outras edições? Sim. Só que o que foi diferente dessa vez foi o fato de que o telespectador, que paga R$1,00 para ter acesso 24 horas as câmeras do programa viu algo que julgou ser diferente. Estaria a moça em questão dormindo? Então o moço abusou sexualmente dela? Não sabemos ao certo. 
O que chama atenção foi que em poucas horas as redes sociais apontavam para um público revoltadissímo, que exigia a expulsão do rapaz. A pressão foi tanta que o Ministério Público tomou partido, a Polícia também, aí pronto, deu-se inicio a novela que invadiu os sites de noticia, os noticiários da TV, as conversar informais por todos os cantos.
Mais uma vez eu me surpreendo não com o fato em si, afinal os responsáveis pelo programa e a policia estão cuidando disso. O que me causa espanto e temor é o fato de como nós, munidos de um perfil numa rede social e acesso a internet ganhamos voz. E pensar que até pouco tempo atrás precisávamos de manifestações organizadas em ruas, cartazes, gritos de guerra, caras pintadas, e hoje em dia basta uma “hashtag”. 
É, temos voz. Podemos nos manifestar, dizer o que pensamos, expor nossas idéias. O preocupante é que a maioria dos “pseudo formadores do opinião” esquecem de um detalhe importante quando se lança uma história, a tal da responsabilidade. É maravilhoso que tenhamos voz, mas e as conseqüências disso tudo?
O que percebemos é que a maioria das informações são lançadas de maneira não pensada, sem ética, sem cuidado. Formadores de opinião tem que entender de ética, de gente, de relacionamentos, de lei, de bom senso.
Antes as redes sociais exerciam um papel mais leve, o de unir pessoas, trocar experiências, reencontrar amigos do tempo de escola, conhecer gente interessante, hoje em dia é palanque onde qualquer um, que saiba juntar poucas letras torna-se o líder de uma nação, o detentor de uma verdade absoluta, o preconceituoso, o juiz, e ainda sente-se fazendo algo útil.
Quando escrevo algo me preocupo com o meu leitor. Tento ser o mais objetivo possível e o mais claro para que a minha mensagem chegue. Não quero que ele concorde comigo, quero que ele pense por si, mas que use do que estiver ao alcance para agregar sua a sua opinião. Não quero alarde, quero discussão. Não quero expor, nem ridicularizar. Também não aprendi nada disso num livro, apenas fui bem educado desde a primeira vez que senti apaixonado pelas palavras.
Eu realmente gostaria que as informações lançadas nas redes sociais tivessem uma finalidade menos sensacionalista. 
Talvez seja demais pedir por isso, mas temos a faca e o queijo nas mãos. Temos uma arma incrível, só precisamos saber usá-la