segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Daqui do banco dos trinta...

Possivelmente seu eu tivesse prestado mais atenção quando me diziam que com o tempo tudo se ajeita, eu tivesse sofrido menos.
Há sempre os conselhos daqueles dizendo que quando formos mais velhos entenderemos tudo de um jeito diferente.
E não é que é a mais pura verdade?
É só quando se chega nessa fase da vida, a de obrigatoriamente ser adulto, que as coisas parecem ser mais claras.
Tudo tem um sabor novo. Tudo é experimentado de outra maneira, e a sensação é a que cada dia é tão melhor.
Estou adorando envelhecer. Sim, envelhecer! Já não sou mais um garoto, os primeiros cabelos brancos já deram o ar de sua graça, dormir é diferente, a sensação de que o corpo mudou é real. Mas e por dentro? O que mudou por dentro? Me pergunto isso todos os dias.
É só com o passar do tempo que a gente abandona aquela euforia adolescente, e começa a saborear  tudo de uma maneira mais consistente e profunda.
É quando se cresce que se percebe que amigos são necessários independentemente de onde se esteja, e para onde se vai.
É nessa fase da vida, que  damos conta, definitivamente, que depositar tanto de si no seu trabalho, não é uma obrigação, é exercício de talento.
Nesse momento da vida, podemos respirar fundo e sentir saudade, não dor, apenas saudade, pura e forte, porque com as experiências vividas, já sabemos que há pessoas que nos certamente nos deixarão, outras que irão para perto de Deus,  e outras que simplesmente seguirão caminhos diferentes, e isso é inevitável.
É aqui, nessa etapa da vida que os sorrisos de quem amamos acontecem sempre em câmera lenta, só para que possamos pensar, durante a fração de segundos em que eles acontecem, quanta sorte temos!
É quando  crescemos que entendemos os nossos pais, e percebemos o quanto nos parecemos com eles.
Nessa fase da vida os valores se solidificam, aquilo que acreditamos ganha intensidade, e a felicidade é tão mais possível.
Pode ser também, que aconteça tudo assim, pelo fato de estarmos mais equilibrados, sim, com a idade chega o equilíbrio. Conhecendo melhor a nós mesmos sabemos os nossos limites, e respeitar isso, é  um maneira de se ter plenitude.
Aprendemos, agora adultos, que há motivos pelos quais não adianta bater o pé, embirrar, tudo, leia-me, tudo acontece por uma razão de ser, e desacontece também.
É vivendo e aprendendo que damos conta que a felicidade da vida acontece em pequenos momentos, e esses pequenos momentos surgem, na maioria das vezes, quando não estamos prestando atenção. Por isso é tão importante não desperdiçarmos, nem olhares, nem abraços nem sorrisos.
É aqui, nessa fase da vida que percebemos que tolerância é um segredo, e que preconceito é uma atitude aceitável, mas não justifica discriminação alguma.
É daqui, do banco dos trinta em diante, que sentimos na carne a velocidade do mundo.
É agora, que o dom de eternizar gestos se faz cada vez mais importante.
É experimentando, que se ganha propriedade para falar sobre.
É observando, que o simples se torna indispensável que o milagre acontece, e acontecendo, nos melhora, nos engrandece, e nos faz entender que tudo o que passamos, as batalhas que ganhamos e as que não, foram momentos de um caminho, e que tudo isso fez de nós o melhor que queríamos ser, e que o que acontece hoje, nos melhora para o amanhã, e que no fim das contas a vida é isso, crescer, entender, e ser melhor, diferentemente melhor.