Possivelmente seu eu tivesse
prestado mais atenção quando me diziam que com o tempo tudo se ajeita, eu
tivesse sofrido menos.
Há sempre os conselhos
daqueles dizendo que quando formos mais velhos entenderemos tudo de um jeito
diferente.
E não é que é a mais pura
verdade?
É só quando se chega nessa
fase da vida, a de obrigatoriamente ser adulto, que as coisas parecem ser mais
claras.
Tudo tem um sabor novo. Tudo
é experimentado de outra maneira, e a sensação é a que cada dia é tão melhor.
Estou adorando envelhecer. Sim,
envelhecer! Já não sou mais um garoto, os primeiros cabelos brancos já deram o
ar de sua graça, dormir é diferente, a sensação de que o corpo mudou é real. Mas
e por dentro? O que mudou por dentro? Me pergunto isso todos os dias.
É só com o passar do tempo
que a gente abandona aquela euforia adolescente, e começa a saborear tudo de
uma maneira mais consistente e profunda.
É quando se cresce que se percebe que amigos são necessários independentemente de onde se esteja, e para
onde se vai.
É nessa fase da vida, que damos conta, definitivamente, que depositar
tanto de si no seu trabalho, não é uma obrigação, é exercício de talento.
Nesse momento da vida,
podemos respirar fundo e sentir saudade, não dor, apenas saudade, pura e forte, porque
com as experiências vividas, já sabemos que há pessoas que nos certamente nos deixarão, outras que irão
para perto de Deus, e outras que simplesmente seguirão caminhos diferentes, e isso é
inevitável.
É aqui, nessa etapa da vida
que os sorrisos de quem amamos acontecem sempre em câmera lenta, só para que possamos
pensar, durante a fração de segundos em que eles acontecem, quanta sorte temos!
É quando crescemos que entendemos os nossos pais, e percebemos o quanto nos parecemos com eles.
Nessa fase da vida os valores
se solidificam, aquilo que acreditamos ganha intensidade, e a felicidade
é tão mais possível.
Pode ser também, que aconteça tudo assim, pelo fato de estarmos mais equilibrados, sim, com a idade chega o equilíbrio.
Conhecendo melhor a nós mesmos sabemos os nossos limites, e respeitar isso, é um maneira de se ter plenitude.
Aprendemos, agora adultos, que há motivos
pelos quais não adianta bater o pé, embirrar, tudo, leia-me, tudo acontece por uma razão de
ser, e desacontece também.
É vivendo e aprendendo que
damos conta que a felicidade da vida acontece em pequenos momentos, e esses
pequenos momentos surgem, na maioria das vezes, quando não estamos prestando atenção.
Por isso é tão importante não desperdiçarmos, nem olhares, nem abraços nem sorrisos.
É aqui, nessa fase da vida
que percebemos que tolerância é um segredo, e que preconceito é uma atitude
aceitável, mas não justifica discriminação alguma.
É daqui, do banco dos trinta
em diante, que sentimos na carne a velocidade do mundo.
É agora, que o dom de
eternizar gestos se faz cada vez mais importante.
É experimentando, que se
ganha propriedade para falar sobre.
É observando, que o simples
se torna indispensável que o milagre acontece, e acontecendo, nos melhora, nos engrandece, e
nos faz entender que tudo o que passamos, as batalhas que ganhamos e as que não, foram momentos de um caminho, e que tudo isso fez de nós o melhor que queríamos ser, e que o que acontece hoje, nos
melhora para o amanhã, e que no fim das contas a vida é isso, crescer, entender, e ser melhor, diferentemente melhor.