domingo, 16 de dezembro de 2012

Sem tendências

A tendência, penso eu, é que a superficialidade nos seja imposta.
Cada vez mais compromissos, cada vez menos tempo.
Se nos aprofundamos em algo? Difícil.
Se nos aprofundamos em relações? Perdemos esse hábito.
Na verdade perdemos o hábito do que é demorado, do que precisa ser construído, elaborado.
O que queremos hoje é o rápido, o instantâneo, e claramente, a nossa dificuldade em nos aprofundar faz com que o que vem rápido seja descartável.
Onde estão os nossos amigos de dez anos atrás?
Até onde conhecemos com quem nos relacionamos?
Há quanto tempo não nos cumprimentamos com um abraço?
Há quanto tempo não sentimos que amamos, a ponto de verbalizar isso na mais doce frase?
Há quanto tempo não nos lançamos em águas mais profundas?
O resultado da superficialidade é esse: nos acostumamos a achar tudo normal, ou então, temos vistas tapadas, tal qual os animais que puxam carroça, na intenção de que só olhem para frente, e olhando para frente, mecanizem o que fazem, o que sentem, não se distraiam, não percebam a beleza encontrada em se olhar do lado, em se prestar atenção no todo.
Se eu pudesse pedir, para nós, algo de novo, eu pediria o romper do sentir.
Que nós nos liberássemos, em sentir, em permitir-nos ir mais adiante.
Que as relações fossem mais próximas e cheias de abraços e declarações.
Que as amizades tivessem sabor de eternidade.
Que os pensamentos fossem livres, que as pessoas fossem livres.
Que a palavra de ordem pudesse ser a tolerância.
Que as decisões fossem bem pensadas.
Que nada interrompesse o que fora criado para durar.
Que descartássemos menos e consertássemos mais.
Que a solidariedade não fosse sentida apenas nos fins de ano.
Que o que tapa os nossos olhos caísse.
Que vejamos mais e melhor.
Que tudo fosse intenso.
Que cada coisa tenha o seu valor devido.
Que haja amor.
Que as resoluções de fim de anos durassem o ano todo.
E que a cada sonho realizado pudéssemos nos relembrar de quem somos, de onde viemos e de que a vida só pode ser plena quando se alcança o outro, e que felicidade de verdade, é aquela que se compartilha.

Vida plena e felicidade plena pra você!