domingo, 27 de maio de 2012

Tudo de uma vez


Se você me perguntar se está tudo bem eu vou responder que sim.
Não porque realmente esteja.
Mas porque é muito mais rápido dizer isso ao invés de falar a verdade.
A verdade é que não está nada bem.
Nada está no lugar.
Estou com medo.
Não tenho dormido às noites.
Algumas vezes sinto como se observasse a minha vida de fora do meu corpo.
É assustador.
Fico pensando se é normal.
Se isso acontece com todos.
Se isso realmente faz parte da vida.
É um flagelo.
Eu não acho simples.
Eu também não sei se vai passar.
Está aqui hoje, porque deveria estar.
Tenho medo de verdade.
Seria bem melhor me encher de esperanças, mas não é tão simples assim.
Seria bem melhor acreditar. Mas estou descrente de quase tudo.
Eu não quero falar com ninguém a respeito.
Não quero pena.
Embora passe os meus dias aguardando demonstrações de afeto.
Afeto.
É tão negativa essa expectativa, mas ela existe.
No mais, tenho que lidar.
Com as dores, as perdas, as esperas, os medos.
Qualquer um não conseguiria, mas se eu me acalmar.
Se eu parar de chorar e minhas mãos pararem de tremer eu vou conseguir raciocinar.
E pensando eu sei que vou passar por isso.
Eu posso passar por isso.
Eu fui feito para passar por isso.
Um normal não aguentaria tudo de uma vez.
Mas eu, eu nunca fui normal.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cacos de mim


Juntei tudo que era meu.
Roupas, pentes, papéis, coisas.
Juntei os cacos.
Estava tudo espalhado.
Sobre os móveis, sob as roupas.
Eram restos por todos os cantos.
Eu já não via mais, em lugar algum, um resquício do que fomos.
Por mais que eu me esforçasse, não éramos mais nós dois naqueles retratos.
Os livros na estante haviam esquecido de tudo o que já tinham presenciado.
Nesse momento era apenas eu, minhas coisas e meus pedaços.
Juntei tudo e parti.
Não chorei.
Eu deixei de chorar faz tempo.
Eu deixei de chorar no instante em que não me reconheci mais.
Não havia dor, embora também não houvesse alegria.
Era a sensação de deixar o meu, que nunca tinha sido realmente meu.
Não foi simples, foi anestesiante.
Não foi bom, foi preciso.
Não foi como eu sonhei, foi como tinha que ser.
Agora livre, posso ser novamente eu.
Eu, minhas coisas e meus cacos.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Final Feliz



Não, não é apenas ver as coisas acontecendo.
Não é estar parado ali de expectador.
É acontecer junto!
Há amor ali? Aconteça com ele.
Tens um plano? Aconteça com ele.
Há dor, amor, temor, tremor? Aconteça.
Essa é a posição dos que querem a felicidade.
Pesquise.
Faça uma pergunta a quem você conhece.
Indague quantas dessas pessoas querem ser feliz.
A resposta? Todas.
E pergunte novamente. O que elas tem feito para isso?
Felicidade é muito mais do que estado de satisfação e alegria.
A felicidade é plenitude.
E requer trabalho e dedicação.
Ser feliz não é para os fracos, nem para os acomodados.
Consegue atingir seu objetivo aqueles que não tem medo do sol.
Os que não sentem-se trêmulos diante das adversidades.
Adverso a feliz está o triste? Não! Adverso ao feliz está a luta, a reconstrução, o desejo.
Se hoje não está como deveria, levante-se, junte o que sobrou, trace um plano.
Planeje.
Mas não planeje demais.
Estar livre nos braços do destino também é uma opção interessante.
Viver é um livro com páginas faltantes.
Precisa-se de tempo, paciência e braços fortes.
Escrever finais felizes é para quem sonha.
E saber que finais felizes chegam todos os dias é para os que sabem viver.
Erro é pensar que os finais felizes vêm apenas quando as cortinas da vida se fecham.
Tem um final feliz acontecendo agora! Olhe em volta, descubra onde.
O sorriso de quem nos ama. O saber que não se está sozinho.
Querer mais, viver mais, respirar mais. E ver isso acontecendo é um final feliz.
Perceba os seus. Reconheça os seus. Experimente os seus.
São eles, os finais felizes diários que fazem tudo ter sentido.
E valer a pena.

domingo, 13 de maio de 2012

Conjugue


Quando eu penso no que mais me atraí em alguém, sem dúvida nenhuma penso em inteligência.
Não a inteligência de falar de forma culta, com assuntos apurados o tempo todo, mas a inteligência de quem consegue passear entre os opostos sem se fixar em nenhum deles.
Eu gosto de quem é o que é. De quem tem latejando em si a necessidade de se expressar, mas não gosto dos extremistas, dos que violentam os demais com suas ideias e posturas.
A harmonia é sempre melhor.
Se for para expressar-se que seja na bondade.
Não há nada mais interessante do que uma pessoa essencialmente boa.
Não há nada mais bonito do que alguém que aprendeu a arte de sorrir.
Os maiores verbos para mim são: amar, tolerar, sorrir, entregar.
Mas não assim, no infinitivo, verbos devem ser conjugados. Sempre.
As pessoas vão aderir as nossas causas quando perceberem que em nós há integridade.
E o caminho para isso é “conjugar verbos bons”, por isso meu conselho hoje é:
Ame.
Abrace.
Sorria.
Mude.
Dance.
Entregue-se.
Diga.
Perdoe.
Respeite.
Emocione-se.
Lute.
Lute mais.
As realidades são mudadas com atitudes novas.
As grandes batalhas são vencidas mais com a força que se tem dentro.
Os dias mais bonitos, os que virão, são plantados no hoje.
Todas aquelas coisas que sempre sonhamos precisam apenas de um fator determinante.
Decisão.
Decida-se!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Livre


Não, eu não te julgo.
Se a sua preferência é manter-se na superficialidade, que seja.
Eu não.
Eu prefiro a intensidade, o profundo.
Eu quero saltos que me façam perder o fôlego.
Eu quero os tons mais agudos e as cores mais vibrantes.
Porque não nasci para normalidade.
Eu vim para o novo, o instigante, o impacto.
Não é uma regra, é um risco.
Quem se lança sabe que pode doer.
Mas quem se lança sabe também que ser feliz é muito mais significante.
Eu gosto do muito.
Tudo que é exagerado me seduz.
Grandes sorrisos, olhares profundos, grandes desafios.
Não paro frente a grandes dores.
Não estremeço diante dos grandes medos.
Apenas respiro, e quando o digo, me refiro a maneira mais profunda de se respirar.
Eu não levanto, eu salto.
Eu não rio, eu gargalho.
Eu não quebro, eu despedaço.
Eu não sou comum, eu sou diferente.
Não tem nada a ver com inconsequência.
Tem a ver com liberdade.
Não é um jeito irresponsável de ser.
É um jeito novo de experimentar.
E por ser assim sou capaz de ser interessante.
E por querer tudo, não tenho medo da luta.
E por ir atrás do que quero, mais hora menos hora serei completo.
E completo serei simplesmente feliz.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Janela


Ela estava debruçada sobre a janela chorando.
Chorava tanto, eram lágrimas demais.
Me perguntei de onde vinha tamanha dor.
Eram olhos de dor.
O olhar ao longe esperava por alguém.
Será que esperava por um grande amor?
Estaria ela olhando a esperança de alguém que ama surgir naquela estrada?
De onde vinha tanta dor?
Seria o choro motivado pela tristeza de não ser o que sonhara?
Ou então não ter conquistado o que planejara?
Será que chorava por ter de deixar partir alguém que pensava ser só dela?
O choro poderia ser de medo, de angústia.
Em nenhum momento pensei que ela chorava de felicidade.
Havia marcas naqueles olhos que mostravam que a felicidade não passava por ali há tempos.
Ainda pensando nela olhei no espelho.
Vi em mim as mesmas marcas.
A da saudade de quem não deveria ter ido.
Da incerteza das coisas que não conquistei.
Da dor de quem era para ter vindo, e não veio.
Medo de que num futuro bem próximo seja eu.
Apenas eu e a janela.