quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Ana

Dias atrás conheci Ana.
Jovem, feliz, motivada.
Ana se vestia bem, usava o batom da estação.
Andava como quem tinha pressa, como quem sabe onde quer chegar e não tem medo do caminho.
O que não pude deixar de ver eram as cicatrizes.
Ana sofrera, ainda criança, queimaduras de segundo grau no rosto todo.
As marcas, que a princípio me sensibilizaram, por tamanha dor que supus Ana ter sofrido, me fizeram, num segundo momento, refletir.
Como alguém com marcas tão visíveis pode ter passos tão firmes?
Como alguém que tem no rosto, a estampa do que mais de dolorido alguém pode passar, mantém a direção tão determinada?
Do que me peguei pensando, tive medo de ser Ana, e de ter ali, visível, a quem quiser ver, e desprezar, as minhas marcas, e não saber lutar.
Mas quem me dera...
Quem dera ser como Ana, e lidar tão bem com as cicatrizes das feridas que tive.
Quem dera poder andar como quem quase não se importa com o que passou, mas que tem olhos fixos no que virá.
Quem dera que por um minuto fosse Ana, e a sendo, soubesse seguir em frente.
Dias atrás conheci Ana...

E ela mudou a minha vida.